sábado, 28 de março de 2009

SUGESTÕES DE LIVROS ESPECIALISADOS EM FIGURINO PARA TV

VALE A PENA CONFERIR AS SUGESTÕES DOS LIVROS QUE NOS APRESENTAM UM POUCO MAIS DESTE UNIVERSO ENCANTADO DE MUITO SUOR PARA A TRANSORMAÇÃO DOS SONHOS DE UNS EM REALIDADE PARA MUITOS!

http://figurama.wordpress.com/2008/07/01/para-comecar-a-entender/



A novela dos figurinos
Conheça o universo que há por trás da composição dos personagens da televisão
Virna Wulkan - O Estado de S.Paulo


CLAUDIA RAIA - "O figurino ajuda na hora de compor a perosnagem"
Figurinos constroem personagens e recriam épocas. Heróis, vilões, mocinhas ganham vida com eles. A moda nas novelas, muitas vezes, dita comportamentos e vira desejo de consumo do público. O figurino envolve não só a roupa, mas toda a caracterização dos personagens, como cabelo, maquiagem, adereços, acessórios. Por tudo isso, é peça fundamental para se contar uma história.Conceber peças de vestuário para tantos e tão variados personagens é um trabalho árduo que requer uma boa equipe e uma grande estrutura. Na TV Globo, ainda a maior empresa com trabalho nessa área, uma novela costuma ter uma média de 15 camareiros, 5 assistentes de figurino e 1 ou 2 figurinistas. Se for uma produção de época, como Ciranda de Pedra, atual novela das 6, conta ainda com uma oficina composta por 50 costureiras e alfaiates, que produzem entre mil e 200 mil peças por mês. Não são só esses números que impressionam. A emissora dispõe ainda de um acervo com mais de 200 mil peças, separadas por épocas, como anos 20, Belle Époque, Medieval, Renascimento, ou por categorias, como surfistas, dançarinas, marinheiros. Todas possuem identificação, com dados de pessoas que já as usaram e de quando isso ocorreu. Pode-se encontrar vestimentas que fizeram história, como a roupa de Nossa Senhora Aparecida, que Thaís Araújo usou em América, ou a blusa ensangüentada com a qual Vanessa Gerbeli foi assassinada em Mulheres Apaixonadas, além de outras peças divertidas, como as cabeças da Cuca e do Louro José. VETERANAA figurinista Marília Carneiro, há 33 anos no ramo e mestra de outras profissionais que hoje comandam as principais produções da Globo, foi a responsável por alguns dos grandes sucessos da televisão, como os figurinos de Dancin? Days - que, além de terem marcado uma época, geraram um modismo nacional: o uso das meias de lurex com sandálias. "Isso só acontece quando a produção estoura. O conjunto todo tem que funcionar: atores, trama, cenografia." Marília, no entanto, tem consciência do seu poder: "quando boto um acessório marcante em uma mulher bonita e boa atriz, já sei que vai virar tendência." Entre suas produções mais recentes, destaca o visual da Darlene, personagem de Débora Secco em Celebridade, cuja marca eram as sainhas curtas e meinhas com sandálias altas. A figurinista lembra que, na época, a consultora de moda Gloria Kalil lhe mandou um e-mail dizendo que fez uma viagem pelo interior do País e "contou mais de 170 Darlenes." Outro sucesso foi o lencinho que a personagem de Cláudia Abreu usava amarrado ao pescoço, na mesma novela, e que servia para disfarçar as marcas deixadas pelo namorado. "O lenço virou um fetiche na época", comenta Marília. O mesmo aconteceu com os vestidos bem curtos, soltinhos e coloridos que as personagens de Páginas da Vida usavam, e que foram as peças mais desfiladas nas ruas naquele verão. Outro elemento de figurino que virou febre foram as pulseiras de ouro com madeira e os brincos em cascata da Jade, personagem de Giovanna Antonelli em O Clone. "Encontrávamos peças iguais até nos camelôs." Na novela Andando nas Nuvens, a atriz Déborah Bloch usava uma bolsa com alça transversal da Zoomp. "A bolsa fez tanto sucesso que, quando fui comprar uma para mim, já estava esgotada", conta Marília. Figurino não é moda. Ele utiliza-se da moda para criar uma comunicação visual entre o personagem e o espectador. A caracterização começa a partir de alguns estereótipos, como vestir o vilão de roupa preta, deixar os cabelos das mocinhas pobres mais crespos e os das ricas lisos, abusar de vestidos e cachinhos nas moças românticas, entre outros. Além disso, são usadas algumas artimanhas para que o público identifique determinadas situações. Na novela O Clone, por exemplo, Marília Carneiro optou por vestir todo o núcleo dos ricos com cores neutras e claras .LIMITESAlgumas decisões são tomadas com a intenção de não influenciar quem assiste à trama: é o caso dos figurinos das personagens de Cláudia Raia e Patrícia Pilar em A Favorita, novela atual da Globo. Como no final da novela uma delas será a vilã, ambas usam produções coloridas e passam longe de looks escuros. No caso do figurino de época, um cuidado a mais é tomado para que as roupas reproduzam o momento histórico retratado, mas passando por "uma reassimilação dos elementos para o olhar dos anos 2000", explica Marília, experiente neste tipo de novela. Cada produção tem um contexto, discutido entre autor, diretor e figurinista. No caso de A Favorita, a figurinista Marie Salles recebeu a seguinte orientação: "a roupa é apenas um pano de fundo, e não deve se sobressair, uma vez que se trata de uma novela realista." "É muito difícil fazer o real, o dia-a-dia. Costumo trabalhar com tendências e tento sempre botar uma pitada de fantasia, um detalhe de moda, mas nesta novela não posso fazer isso", fala Marie. No outro extremo está a novela Belíssima, que girava em torno do universo da moda. Por isso, sua figurinista, Georgia Sampaio (também conhecida como Gogóia), acabava colaborando também com a concepção da história. Para tornar a novela ainda mais fashion, ela contou com a ajuda de estilistas como Alexandre Herchcovitch, Walter Rodrigues, Reinaldo Lourenço e Houis Clos. Outra produção recente que vale ser citada é Queridos Amigos, também obra de Georgia, que usou praticamente todas as roupas originais da década de 80 (adquiridas em brechós), período em que se passava a trama.INSPIRAÇÃOE de onde vêm as idéias para compor os figurinos de todos esses personagens? Das mais variadas fontes, como filmes, livros e revistas antigos e novos, museus, desfiles, vitrines e internet. Marília Carneiro caminhava pela Oscar Freire quando viu em uma vitrine uma minissaia tão curta que lhe chamou a atenção, e logo pensou na Darlene, uma garota que fazia de tudo para subir na vida. No caso da Jade, uma personagem com o figurino bastante exótico, Marília lembrou-se que Yves Saint Laurent tinha uma casa no Marrocos, país onde se passava parte da trama, e foi buscar referências nas coleções passadas do estilista. Já o figurino da açucarada Da Cor do Pecado, que levou a assinatura de Georgia Sampaio, foi inspirado nos desenhos animados e histórias em quadrinhos. Por isso, foi todo desenvolvido a partir de cores primárias: vermelho, amarelo e azul. Para as atrizes, o figurino tem pesos variados. Cláudia Raia, a Donatela de A Favorita, acredita que é muito importante. "Dá uma grande ajuda na composição da personagem. Dependendo da roupa que se está usando, muda-se o comportamento, o gestual, a maneira de andar e de sentar." Já Mariana Ximenes, a Lara, também de A Favorita, acha que se deve compor a personagem de dentro para fora. Ela não tem predileção por papéis que exigem se vestir bem. "O que me interessa são as características da personagem. Procuro humanizá-la: quanto mais simples for, mais crível será para o público. O corpo é um instrumento de trabalho, por isso não me importo de cortar o cabelo, nem tenho tatuagens." Mariana parece ser uma exceção em um meio que mexe diretamente com a vaidade. Marília Carneiro diz que as atrizes se preocupam demais com o corpo e estão paranóicas com a questão da magreza, assim como com a idade a as rugas (será que são só elas?). Apesar disso, não vê dificuldade em lidar com as estrelas. "São pessoas normais que estão vestindo as roupas, e não modelos. Todos têm seus defeitos e grilos, e devemos respeitá-los." A veterana ensina seu método: "ofereço uma gama de opções para a atriz provar e brincar, até que ela se identifique com algumas das peças." Mas não deixa por menos: "é claro que a última palavra é sempre a minha, e ai de quem contrariar." Quem quiser saber mais sobre o tema figurinos de novela pode procurar pelo livro Entre Tramas, Rendas e Fuxicos - O Figurino na Teledramaturgia da TV Globo, Editora Globo, R$ 58,00.

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